Outro dia, precisei escrever uma nova descrição de vaga. A demanda era urgente, a líder queria algo atrativo, personalizado, e eu… com a cabeça em três outras reuniões e uma planilha de movimentações abertas. Foi aí que recorri à IA. Joguei ali alguns dados-chave — missão da vaga, perfil desejado, escopo do time — e, em menos de dois minutos, ganhei uma versão bem melhor do que qualquer rascunho que eu teria feito na correria. Ajustei, refinei e, pronto: vaga publicada com qualidade e agilidade.

Esse episódio resume bem a proposta deste artigo: refletir sobre o papel da inteligência artificial no RH como parceiro de negócio.  Ela não veio para substituir o RH, mas para abrir espaço. Espaço para pensar, antecipar, cuidar, direcionar. E, principalmente, para que o RH possa atuar com mais estratégia, protagonismo e impacto real. 

RH: de departamento pessoal a motor estratégico

O RH já não é mais aquele setor restrito ao operacional. Hoje, lidera temas como cultura, desenvolvimento, performance, clima, marca empregadora e expansão internacional. Mas para isso acontecer de forma consistente, é preciso tempo e foco. Duas coisas que, ironicamente, nos escapam quando estamos atolados em tarefas repetitivas, manuais e de baixo valor agregado.

E é exatamente aqui que a IA se torna uma aliada poderosa. Ela não é só uma ferramenta de automação. É um verdadeiro copiloto para quem precisa tomar decisões mais rápidas, personalizadas e com base em dados.

Nesse contexto, a inteligência artificial no RH como parceiro de negócio libera espaço para o RH exercer seu protagonismo estratégico e focar no que realmente importa.

IA na prática: mais do que buzzword

Já existem empresas usando IA de forma bem concreta no RH. E colhendo bons frutos.

O Nubank, por exemplo, desenvolveu uma plataforma interna que cruza dados de performance, trilhas de desenvolvimento e objetivos de carreira para sugerir caminhos personalizados de crescimento. Isso permite que os times de RH e as lideranças atuem de forma mais direcionada e eficaz, aumentando a mobilidade interna e a retenção de talentos.

Aqui no Skeelo, onde atuo como responsável pelos times de RH e CX, também estamos explorando várias frentes com IA. Ainda em fase de testes, mas com grande potencial. Estamos desenvolvendo um chat interno para responder dúvidas frequentes dos colaboradores, otimizando o tempo do time de People e melhorando a experiência de quem busca informação. Também criamos uma ferramenta para responder em tempo real como estamos em relação a metas e resultados. Isso fortalece nossa cultura de alta performance e transparência.

Em CX, já começamos a construção de um grande repositório de informações com foco em abastecer nossa base de conhecimento e, no futuro, permitir que a IA responda de forma extremamente rápida e assertiva às dúvidas mais frequentes dos nossos usuários. Mais agilidade para quem busca suporte e mais foco estratégico para os times de atendimento, que terão  fôlego para atuar de forma mais próxima no fortalecimento da nossa comunidade de leitores.

No nosso produto, já estamos testando IA para recomendar livros com base no histórico de leitura dos usuários. E, na jornada de desenvolvimento, estamos avaliando plataformas que apoiem líderes e times na construção de seus planos de desenvolvimento, indicando treinamentos e facilitando ciclos de feedback mais leves, frequentes e relevantes. A ideia é usar a IA não apenas para automatizar, mas para promover engajamento e desenvolvimento contínuo.

E com mais tempo, o que o RH pode fazer?

Com menos energia sendo gasta em atividades operacionais, o RH pode mergulhar no que realmente importa.

Apoiar líderes na tomada de decisões complexas, impulsionar o desenvolvimento dos times com ações personalizadas, promover uma cultura de alta performance com base em dados e escuta ativa e, claro, contribuir para o posicionamento estratégico da empresa — inclusive como embaixador da cultura de inovação e automação.

O RH pode e deve puxar a conversa sobre inteligência artificial dentro da organização. Com responsabilidade, cuidado e foco em impacto. Ser aquele time que não só usa a IA, mas ensina, provoca, questiona e educa. Que garante que essa tecnologia seja usada a favor das pessoas, nunca contra elas.

Mas… e os riscos?

Como toda ferramenta poderosa, a IA exige atenção. É preciso garantir que os dados usados para treinar modelos sejam confiáveis, éticos e livres de vieses. Transparência e governança são palavras de ordem. Também é essencial lembrar que a IA deve ser suporte, não juízo final. O toque humano, o olhar contextual, a escuta ativa e a sensibilidade nas decisões continuam insubstituíveis.

A IA pode te alertar sobre uma possível queda de performance. Mas só você, RH próximo do negócio, consegue entender se aquilo é resultado de uma mudança de liderança, de uma sobrecarga silenciosa ou de algo que nem os dados captaram ainda.

E no futuro?

O futuro aponta para um RH cada vez mais analítico, influente e conectado ao negócio.

A inteligência artificial no RH como parceiro de negócio tende a se aprofundar, promovendo  experiências personalizadas desde o onboarding até o offboarding, automações em cascata e insights em tempo real sobre clima, cultura, produtividade e bem-estar. Mais do que nunca, será necessário equilíbrio: a IA nos ajuda a ganhar escala, mas a missão do RH continua sendo única, que é cuidar de pessoas, entender contextos e criar conexões reais.

Conclusão: não é sobre IA versus RH. É sobre RH com IA.

A inteligência artificial é uma aliada. Desde que a gente saiba usá-la com consciência, ética e estratégia. Quando bem aplicada, ela devolve tempo, amplia nossa visão e ajuda a tomar decisões melhores.

E se você chegou até aqui ainda se perguntando se esse artigo foi escrito por uma IA… a resposta é não. Mas posso garantir que ela deu boas sugestões e, acima de tudo, me ajudou a ter tempo para escrever com mais profundidade, cuidado e intenção.

No fim, é isso que a IA nos permite: sermos mais humanos, mais próximos e mais estratégicos. Porque quando a gente une tecnologia com propósito, todo o negócio sai ganhando.

Este artigo foi escrito por Larissa Fabião. Siga-a no LinkedIn para mais insights sobre marca empregadora, experiência de colaboradores, cultura e desenvolvimento de pessoas! 

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