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Você já parou pra pensar que, mesmo com boas intenções, a gente pode tomar decisões injustas no trabalho? Isso acontece com mais frequência do que parece e, na maioria das vezes, sem que a gente perceba. A culpa nem sempre é da falta de preparo ou de informação, mas sim de algo que todos nós temos: os vieses inconscientes.
Eles são aqueles “atalhos” que o nosso cérebro usa para tomar decisões rápidas, mas que, no dia a dia do RH, podem influenciar bastante em quem é contratado, promovido ou até mesmo demitido.
Neste artigo, a ideia é falar de forma simples e direta sobre esse tema. Vamos explicar o que são os vieses inconscientes, trazer exemplos que fazem parte da rotina de quem trabalha com gente, e mostrar o que você pode fazer para evitar que eles atrapalhem seus processos. Boa leitura!
Todo mundo carrega um conjunto de experiências, vivências e aprendizados que moldam a forma como enxergamos o mundo. E, pra dar conta de tantas decisões ao longo do dia, o nosso cérebro cria atalhos mentais que ajudam a reagir mais rápido. Esses atalhos são os vieses inconscientes.
Eles acontecem sem intenção e, muitas vezes, sem que a gente perceba. Mas mesmo assim, afetam como julgamos as pessoas, principalmente em momentos importantes, como uma entrevista, uma promoção ou uma avaliação de desempenho.
E no RH, onde a tomada de decisão tem impacto direto na vida das pessoas e no futuro da empresa, isso merece ainda mais atenção.
Porque eles atuam de forma silenciosa. Você acha que está sendo imparcial, mas, no fundo, pode estar tomando decisões com base em preferências pessoais, estereótipos ou padrões que parecem “naturais”, mas que excluem talentos diversos.
Esses vieses afetam várias etapas dos processos de RH, como:
O resultado é menos diversidade, menos inovação e menos justiça nos processos — e isso não é só uma percepção. Segundo um estudo da SHRM, mais de 50% dos profissionais de RH reconhecem que seus processos de recrutamento sofrem influência de vieses inconscientes, impactando diretamente a diversidade das contratações.
Para facilitar, listamos os tipos mais comuns que costumam aparecer na rotina de quem trabalha com gestão de pessoas:
| Tipo de viés | O que é | Como aparece no RH |
| Viés de afinidade | Tendência a preferir quem tem algo em comum com você | “Gostei dele, me lembrou meu jeito no início da carreira.” |
| Viés de confirmação | Buscar informações que reforçam o que você já acredita | “Ela não tem perfil pra área técnica” — e só procurar sinais que confirmem isso |
| Viés de beleza | Associar aparência física à competência | Julgar alguém mais capacitado apenas por ser mais bem-apessoado |
| Viés de idade | Supor que pessoas mais velhas ou mais jovens são menos capazes | “Ela tem mais de 50, será que vai se adaptar ao digital?” |
| Viés de gênero | Ter expectativas diferentes com base no gênero | “Ele tem mais pulso firme pra liderar” ou “ela é muito emocional” |
| Viés de sotaque ou origem | Julgar alguém pela forma como fala ou pela cidade de origem | Achar que determinado sotaque soa menos profissional |
| Viés de escolaridade | Valorizar excessivamente faculdades “de nome” | “Ele é bom, estudou na mesma universidade que eu” |
Esses são só alguns exemplos, e podem aparecer combinados, o que torna ainda mais difícil identificar o que está por trás de uma escolha.
A primeira etapa para lidar com esse tipo de viés é reconhecer que ele existe — em todos nós. A boa notícia é que existem alguns sinais que ajudam a perceber quando ele pode influenciar uma decisão. Por exemplo:
Essas pequenas pistas são ótimos pontos de partida para revisar seus processos.
Antes de mais nada, é preciso deixar claro que, evitar completamente os vieses inconscientes é humanamente impossível. Afinal, eles fazem parte do nosso funcionamento mental.
Porém, é totalmente possível e válido criar barreiras estratégicas para que eles não interfiram (ou interfiram muito menos) nas decisões que impactam pessoas.
A seguir, você encontra um guia de boas práticas realmente eficazes, adotadas por empresas que já estão à frente quando o assunto é diversidade, equidade e decisões mais conscientes no RH:
Implemente uma fase inicial de triagem onde informações como nome, idade, gênero, universidade e endereço sejam ocultadas. O objetivo é avaliar as pessoas com base exclusivamente em competências e experiências relevantes.
Dica: use plataformas que permitam ocultar esses dados automaticamente. Isso ajuda a padronizar sem gerar retrabalho.
Substitua entrevistas “no improviso” por um modelo estruturado, com perguntas padronizadas e critérios objetivos de avaliação. Assim, todos os candidatos são avaliados sob as mesmas lentes.
Dica: crie um banco de perguntas alinhado às soft skills e comportamentos esperados, e avalie com base em uma escala numérica. Isso reduz a influência de impressões subjetivas.
Ao invés de confiar apenas no “feeling” ou na oratória, peça que candidatos resolvam um desafio prático, como se já estivessem na função. Isso foca a análise na capacidade de entregar valor, e não no jeito de falar ou na aparência.
Dica: use desafios contextualizados à cultura e realidade da empresa. Avalie o raciocínio, não só o resultado.
Um grupo diverso tende a questionar mais os próprios julgamentos. Forme comitês com pessoas de diferentes áreas, idades, gêneros e perfis para participar das etapas finais de seleção, promoções e movimentações internas.
Dica: antes da decisão, promova uma rodada de validação onde cada um justifica seu voto com base em critérios. Isso gera mais reflexão e reduz vieses coletivos.
Evite treinamentos genéricos e conceituais demais. Prefira formações que tragam situações reais do cotidiano da empresa (como reuniões, entrevistas, avaliações de desempenho) e simulem tomadas de decisão.
Dica: após o treinamento, aplique um “checklist do viés” que os gestores possam consultar antes de uma decisão importante.
Monitorar indicadores como perfil dos candidatos aprovados, tempo médio para contratação e promoções ajuda a revelar padrões que o olhar humano não percebe.
Isso é importante porque empresas que investem na diversidade realmente colhem resultados: um estudo da McKinsey (2020) mostra que organizações no quartil superior para diversidade étnico-racial têm 36% mais chances de apresentar lucratividade acima da média do que aquelas com menor diversidade.
Dica: monte dashboards com filtros por gênero, raça, faixa etária, localização e escolaridade. Compare com a demografia do mercado e do seu banco de talentos.
Leia também: Erros comuns ao implementar diversidade nas contratações e caminhos possíveis
O conceito de fit cultural ajuda a identificar pessoas alinhadas aos valores e ao jeito de ser da empresa. Mas é fundamental aplicar esse critério com cuidado, para que ele não vire um filtro baseado apenas em afinidade pessoal ou em padrões subjetivos.
Dica: defina de forma clara qual é a cultura organizacional da sua empresa, com valores, comportamentos e atitudes esperadas. Assim, o fit cultural deixa de ser uma “impressão” e passa a ser um critério objetivo, transparente e inclusivo.
Revise descrições de cargos, trilhas de carreira e políticas internas sob a ótica da inclusão. Muitas práticas tradicionais acabam favorecendo perfis específicos — sem que a empresa perceba.
Dica: monte um comitê de revisão interna com colaboradores diversos. Pergunte: “Essa política serve a todo mundo ou só a quem se encaixa em um certo padrão?”
Em vez de avaliações feitas apenas pelo gestor direto, incentive feedbacks de diferentes pontos de contato. Isso ajuda a equilibrar percepções e diminuir distorções baseadas em viés.
Dica: use ferramentas que permitam feedbacks anônimos. Isso estimula mais honestidade e menos receio de retaliação.
Apesar de acreditarmos que somos imparciais, a realidade é outra: uma pesquisa da Harvard Business Review (2017) revelou que 70% das pessoas admitem que os vieses inconscientes influenciam suas decisões no trabalho.
Por isso, usar tecnologia para automatizar triagens, padronizar avaliações e acompanhar indicadores pode ajudar a reduzir esses impactos, complementando o olhar humano e tornando o processo mais justo.
Dica: teste como o uso combinado de inteligência de dados + trilhas estruturadas pode reduzir o tempo de contratação sem abrir mão da diversidade.
A tecnologia é uma grande aliada do RH na hora de tornar os processos mais justos e eficientes. Mas ela não faz nada sozinha. O segredo está em combinar dados e automação com a sensibilidade e a experiência de quem entende de gente.
Como resume bem Ana Paula Prado, CEO do Infojobs:
“A tecnologia precisa estar a serviço das pessoas, aliada à expertise humana, que continua sendo essencial para moldar decisões e garantir processos mais justos.”
Ou seja: usar um sistema inteligente para triar currículos com base em competências é ótimo, mas ainda mais poderoso quando isso é feito por um RH que sabe onde quer chegar.
Com o apoio da tecnologia, é possível:
O objetivo não é robotizar, mas refinar o processo. A tecnologia bem aplicada ajuda o RH a agir com mais agilidade, embasamento e consciência, sem abrir mão da escuta, da empatia e do olhar humano.
Com este artigo, reforçamos algo que já era esperado: os vieses inconscientes fazem parte da nossa natureza humana. Mas isso não significa que estamos de mãos atadas, pelo contrário! É totalmente possível reconhecer esses padrões e agir para reduzir seus impactos.
E é justamente aí que está a diferença entre um RH reativo e um RH estratégico. Trazer mais consciência para cada etapa do processo seletivo é um ganho real para todo mundo: para o candidato, para a equipe e para a empresa.
Se o seu objetivo é construir processos mais justos, diversos e conectados com o futuro do trabalho, conte com o Pandapé! Temos funcionalidades específicas que ajudam a reduzir vieses e promovem a diversidade desde a triagem até a admissão dos talentos.

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