A NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), que estabelece as diretrizes gerais sobre saúde e segurança do trabalho, passou por atualizações importantes que entram em vigor em 2025. E, mais do que mudanças técnicas, a nova versão da norma exige uma postura mais estratégica e humana do RH.
Se antes o foco era apenas cumprir treinamentos obrigatórios e arquivar documentos, agora a NR-1 traz um olhar ampliado: ela valoriza a gestão de riscos psicossociais, a segurança emocional no trabalho e o engajamento efetivo dos trabalhadores nos processos de saúde e segurança.
Neste artigo, você vai encontrar:
- Um resumo das principais mudanças da NR-1 em 2025;
- As implicações práticas para o RH e para as lideranças;
- Um passo a passo completo para adaptar sua empresa de forma estratégica;
- Dicas inéditas para transformar a NR-1 em oportunidade de cultura preventiva.
O que é a NR-1 e qual seu objetivo?
A NR-1 é a norma que estabelece as disposições gerais e o campo de aplicação de todas as outras Normas Regulamentadoras (NRs). Ou seja, ela é a base sobre a qual se estruturam as políticas de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) no Brasil.
Entre seus objetivos estão:
- Determinar os deveres de empregadores e trabalhadores no cumprimento das NRs;
- Estabelecer os critérios para capacitações e treinamentos;
- Garantir que todo ambiente de trabalho seja seguro, saudável e livre de riscos evitáveis.
Quais são as mudanças da NR-1 para 2025?
A NR-1 foi revisada e republicada pela Portaria MTE nº 3.407, de 25 de setembro de 2023, com vigência a partir de 1º de janeiro de 2025. A seguir, destacamos os principais pontos que afetam diretamente o RH:
Mudança | O que muda na prática |
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Inclusão dos riscos psicossociais | A norma agora obriga que o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) contemple riscos como estresse, ansiedade, burnout, boreout, pressão excessiva, assédio, entre outros. |
Nova definição de capacitação | Treinamentos obrigatórios devem ter conteúdo programático, carga horária mínima, avaliação de aprendizado e registro adequado. |
Possibilidade de treinamentos EAD e semipresenciais | Agora é oficial: os treinamentos podem ser feitos a distância, desde que sigam critérios pedagógicos e sejam rastreáveis. |
Obrigatoriedade de simulações práticas | Para treinamentos que exigem habilidades práticas, é preciso realizar simulações reais, com participação ativa dos colaboradores. |
Foco na participação dos trabalhadores | A norma reforça que a prevenção de riscos deve ser construída em conjunto com os colaboradores, promovendo escuta ativa. |
Por que o RH deve estar atento à NR-1?
Além de garantir conformidade legal e evitar multas, as mudanças da NR-1 abrem portas para que o RH:
- Implemente uma cultura de bem-estar e prevenção;
- Reduza riscos de adoecimento emocional e acidentes;
- Engaje as lideranças em práticas mais humanas e conscientes;
- Construa um ambiente mais saudável, produtivo e atrativo para talentos.
A norma deixa claro: saúde mental e segurança emocional não são temas opcinais — são parte essencial da gestão do trabalho.
Como o RH pode se preparar para as mudanças da NR-1 em 2025
Mais do que cumprir exigências, o RH pode transformar a nova NR-1 em uma alavanca para promover bem-estar e cultura organizacional positiva. Veja a seguir um plano prático e robusto, com dicas inéditas:
1. Atualize políticas internas e comunique com clareza
- Revise documentos de SST, código de conduta e regulamentos internos;
- Elabore uma cartilha explicativa sobre as mudanças da NR-1 para colaboradores e gestores;
- Faça campanhas de comunicação interna com foco em segurança psicológica e bem-estar.
💡 Dica extra: crie um canal interno para tirar dúvidas sobre a nova NR-1 com linguagem acessível.
2. Mapeie riscos psicossociais com escuta ativa
- Aplique pesquisas internas de clima e saúde mental, de forma confidencial;
- Realize rodas de conversa, entrevistas individuais e análise de indicadores (absenteísmo, afastamentos, etc.);
- Crie um mapa de riscos emocionais por áreas, com apoio da CIPA e do SESMT.
💡 Dica inédita: use dashboards visuais para apresentar os dados ao comitê de liderança.
3. Reestruture seus treinamentos obrigatórios
- Verifique se os conteúdos, metodologias e avaliações estão em conformidade com a NR-1;
- Ofereça formatos EAD ou híbridos, com controle de presença e avaliação de conhecimento;
- Utilize uma plataforma de gestão de treinamentos com alertas de vencimento e certificação automática.
💡 Dica extra: crie trilhas de aprendizagem obrigatórias por função com base nos riscos da atividade.
4. Capacite líderes como agentes de prevenção
- Promova workshops para que gestores identifiquem sinais de esgotamento, conflitos ou ambiente tóxico;
- Estabeleça práticas de liderança empática e escuta ativa como parte da cultura de gestão;
- Inclua indicadores de bem-estar das equipes nas metas de liderança.
💡 Dica inédita: estimule reuniões 1:1 com foco em saúde emocional e segurança do trabalho.
5. Realize simulações e promova treinamentos vivos
- Organize simulações de evacuação, primeiros socorros e cenários de emergência;
- Engaje as equipes com storytelling e dinâmicas gamificadas;
- Colete feedbacks e revise os protocolos com base nas vivências reais.
💡 Dica extra: integre essas ações ao calendário da SIPAT, com participação ativa do RH.
6. Organize toda a documentação de forma digital e integrada
- Mantenha registros atualizados e centralizados dos treinamentos, atas, planos de ação e relatórios;
- Use um sistema HCM para automatizar a gestão de SST;
- Crie painéis gerenciais com indicadores de conformidade e prevenção.
💡 Dica inédita: crie um checklist digital com vencimentos e pendências da NR-1 por área/departamento.
7. Incentive a participação ativa dos colaboradores
- Crie um canal seguro para relatos de situações de risco, pressão excessiva ou assédio;
- Promova campanhas de valorização da escuta e cuidado mútuo;
- Inclua representantes das equipes nas decisões do PGR.
💡 Dica extra: divulgue histórias reais de prevenção e boas práticas com reconhecimento público.
Concluindo…
A NR-1 atualizada vai além da formalidade legal: ela propõe um novo jeito de pensar segurança, saúde e relações no trabalho. Para o RH, isso representa uma oportunidade única de liderar a transformação cultural da empresa.
Ao adotar uma postura ativa, preventiva e conectada com o bem-estar dos colaboradores, o RH cumpre o que a norma exige — e vai além: constrói um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e humano.